As fases e períodos do trabalho de parto
O trabalho de parto é o processo fisiológico pelo qual o corpo da mulher passa para o nascimento do bebê.
Esse processo é dividido em fases e períodos, com cada um representando diferentes mudanças e eventos que ocorrem desde o início das contrações até o nascimento e o pós-parto imediato.
O conhecimento sobre as fases e os períodos do trabalho de parto é fundamental para que profissionais de saúde possam monitorar e manejar o processo de forma segura e eficaz.
Fases do trabalho de parto
O início do trabalho de parto é dividido em três fases principais: latente, ativa e de transição. Cada fase tem características distintas em termos de intensidade das contrações, dilatação cervical e resposta da paciente ao processo.
1. Fase latente (fase inicial do trabalho de parto)
A fase latente é o início do trabalho de parto, caracterizada por contrações irregulares e leves que gradualmente se tornam mais frequentes e intensas.
Durante essa fase, o colo do útero começa a dilatar e apagar.
Duração: A fase latente pode durar de algumas horas a vários dias, especialmente para mães de primeira viagem.
Dilatação cervical: De 0 a 4 cm.
Características das contrações: As contrações são leves, curtas (30-45 segundos) e irregulares, com intervalos de 5 a 30 minutos entre elas.
Sintomas maternos: A paciente pode sentir desconforto, cólicas leves e dor nas costas.
A fase latente geralmente ocorre em casa, mas algumas pacientes podem precisar de orientação para saber quando se dirigir ao hospital.
O trabalho de parto ainda é considerado em estágio inicial, e o acompanhamento é feito para avaliar a progressão para a fase ativa.
2. Fase ativa
A fase ativa é marcada por uma intensificação das contrações e por um avanço mais rápido na dilatação cervical. Durante essa fase, o trabalho de parto torna-se mais intenso e regular.
Duração: Geralmente dura entre 4 a 8 horas, mas pode variar.
Dilatação cervical: De 4 a 7 cm.
Características das contrações: As contrações são mais fortes, duram de 45 a 60 segundos e ocorrem a cada 3 a 5 minutos.
Sintomas maternos: Dor intensa nas costas e na região pélvica. A paciente pode apresentar desconforto emocional, ansiedade e, às vezes, uma necessidade de suporte emocional mais constante.
A fase ativa é quando a paciente normalmente é internada no hospital. O monitoramento fetal e das contrações é iniciado para avaliar o bem-estar do feto e a progressão do trabalho de parto.
3. Fase de transição
A fase de transição é a fase final do primeiro estágio do trabalho de parto e a mais intensa, caracterizada por contrações fortes e frequentes.
Duração: Geralmente dura entre 30 minutos a 2 horas.
Dilatação cervical: De 7 a 10 cm (dilatação total).
Características das contrações: Contrações muito fortes, durando de 60 a 90 segundos e com intervalos de 2 a 3 minutos entre elas.
Sintomas maternos: Intensa dor pélvica, náuseas, tremores e sensação de pressão intensa na região perineal. A paciente pode sentir vontade de empurrar.
A fase de transição é um momento crucial, pois a dilatação completa do colo do útero está próxima. A paciente necessita de apoio contínuo devido à intensidade das contrações e à proximidade do período expulsivo.

Períodos do trabalho de parto
Após as fases, o trabalho de parto é dividido em três períodos principais: primeiro período (dilatação), segundo período (expulsivo) e terceiro período (dequitação). Cada um representa uma etapa distinta no processo de nascimento.
1. Primeiro período: período de dilatação
O primeiro período é a fase em que ocorre a dilatação do colo do útero e compreende as fases latente, ativa e de transição.
Objetivo: Dilatar o colo do útero para permitir a passagem do bebê.
Dilatação: De 0 a 10 cm.
Monitoramento: Avaliação da frequência, duração e intensidade das contrações; monitoramento da dilatação cervical e do bem-estar fetal.
Ações: Neste período, a equipe de saúde deve oferecer apoio, aliviar a dor (com técnicas como analgesia epidural, quando indicado) e orientar a paciente.
Esse período se encerra com a dilatação total (10 cm), momento em que o colo do útero está completamente aberto e pronto para o nascimento do bebê.
2. Segundo período: período expulsivo
O segundo período é o momento em que o bebê passa pelo canal de parto e nasce. Esta fase começa após a dilatação completa e termina com o nascimento do bebê.
Duração: De alguns minutos a até 2 horas (pode ser mais longo em primíparas e mais curto em multíparas).
Características: A paciente sente uma forte vontade de empurrar durante as contrações, e a equipe orienta quanto à forma correta de fazer força.
Contrações: Muito intensas, com intervalo de 2 a 5 minutos.
Posição do bebê: A posição do bebê é importante para o sucesso do parto. Normalmente, o bebê assume uma posição de vértice, com a cabeça para baixo, o que facilita o processo.
Ações da equipe: Orientação sobre a respiração e o esforço durante as contrações; apoio constante para minimizar o desconforto e o cansaço.
Este período é considerado crítico, pois envolve o nascimento do bebê. A equipe monitora constantemente a posição e o progresso da descida do bebê, e, se necessário, pode realizar intervenções, como episiotomia (incisão no períneo) ou uso de fórceps/vácuo extrator.
3. Terceiro período: período de dequitação
O terceiro período ocorre após o nascimento do bebê e é caracterizado pela saída da placenta e das membranas fetais.
Duração: Geralmente entre 5 a 30 minutos após o nascimento do bebê.
Contrações: As contrações continuam, embora de menor intensidade, para auxiliar na separação da placenta.
Sinais de separação da placenta: Sinais como o aumento do sangramento, elevação do fundo uterino e alongamento do cordão umbilical indicam que a placenta está pronta para ser expulsa.
Ações da equipe: O profissional de saúde pode realizar tração controlada do cordão umbilical para facilitar a saída da placenta. Verificar a integridade da placenta e das membranas fetais é essencial para prevenir retenção e complicações, como hemorragia pós-parto.
Este período é fundamental para assegurar a completa dequitação da placenta e evitar a retenção de fragmentos, que podem levar a complicações no pós-parto.
Quarto período: pós-parto imediato (ou período de Greenberg)
Alguns protocolos incluem o quarto período, também conhecido como período de Greenberg ou período de observação pós-parto imediato.
Ele é essencial para garantir a recuperação inicial da paciente e o controle de complicações.
Duração: As primeiras 2 horas após o parto.
Objetivo: Monitorar a paciente para identificar sinais de hemorragia pós-parto e estabilizar o útero.
Ações da equipe: Avaliar o fundo uterino (para garantir contração uterina adequada), monitorar sinais vitais e observar o sangramento vaginal. A equipe deve estar atenta para sinais de complicações, como hemorragia, e realizar massagem uterina se necessário.
Este período é importante para estabilizar a paciente, identificar e tratar precocemente complicações e fornecer suporte emocional para mãe e bebê.
O trabalho de parto é um processo complexo e dinâmico, dividido em fases e períodos bem definidos. Desde o início das contrações até o pós-parto imediato, cada etapa exige atenção e cuidados específicos para garantir a segurança da mãe e do bebê.
O conhecimento sobre as fases e os períodos do trabalho de parto é essencial para a equipe de saúde, permitindo monitorar o progresso e oferecer um manejo adequado e humanizado durante cada momento do parto.