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Rotura Prematura de Membranas (RPM): causas, diagnóstico e manejo

Foto do escritor: Carlos FelipeCarlos Felipe

A Rotura Prematura de Membranas (RPM) é uma complicação obstétrica caracterizada pela ruptura das membranas amnióticas antes do início do trabalho de parto.


Dependendo da idade gestacional em que ocorre, a RPM pode ser classificada como a termo ou pré-termo, e sua ocorrência está associada a riscos maternos e fetais, como infecção, trabalho de parto prematuro e complicações neonatais.


Neste artigo, abordaremos:

  • O que é a rotura prematura de membranas.

  • Suas causas e fatores de risco.

  • Diagnóstico e métodos complementares.

  • O manejo clínico e o prognóstico.



O que é a Rotura Prematura de Membranas (RPM)?


A RPM ocorre quando há rompimento das membranas amnióticas (âmnio e córion) antes do início das contrações do trabalho de parto.


É classificada em:


  1. Rotura Prematura de Membranas a Termo (RPMA): Quando ocorre ≥ 37 semanas de gestação.


  2. Rotura Prematura de Membranas Pré-Termo (RPMP): Quando ocorre < 37 semanas de gestação.


A RPM pré-termo representa um desafio clínico maior devido às implicações associadas ao parto prematuro.



Causas e fatores de risco


A RPM pode ocorrer devido a uma combinação de fatores maternos, fetais e ambientais.


1. Fatores maternos


  • Infecções genitais: Corioamnionite, vaginose bacteriana e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).


  • Gestação múltipla: Maior distensão uterina aumenta o risco de ruptura.


  • Traumas obstétricos: Ex.: amniocentese ou manipulação uterina excessiva.


  • Doenças sistêmicas maternas: Diabetes e hipertensão podem predispor à fragilidade das membranas.



2. Fatores fetais e uterinos


  • Polidrâmnio: Aumento da pressão intrauterina.


  • Malformações fetais: Como anencefalia e hidrocefalia, que alteram a dinâmica intrauterina.


  • Anomalias uterinas: Útero bicorno ou septado.



3. Fatores comportamentais e ambientais


  • Tabagismo: Associado à fragilidade das membranas amnióticas.


  • Histórico de RPM em gestação anterior: Eleva significativamente o risco em gestações subsequentes.



Diagnóstico


O diagnóstico da RPM é baseado na história clínica, exame físico e, quando necessário, exames complementares.


1. História clínica

  • Relato de saída de líquido claro ou amarelado pela vagina, geralmente em grande quantidade e de forma contínua.

  • Ausência de contrações uterinas iniciais no momento da ruptura.


2. Exame físico

  • Especuloscopia vaginal:

    • Visualização direta de líquido amniótico fluindo pelo colo uterino.

    • Exclusão de outras fontes de líquido, como secreções vaginais ou urina.


3. Testes complementares

  • Teste do nitrazina: Detecta pH elevado (≥ 7,0), indicando a presença de líquido amniótico.


  • Teste da cristalização (Ferne): Identifica padrão em "folha de samambaia" quando o líquido seca em lâmina.


  • Ultrassonografia obstétrica:

    • Avalia o volume de líquido amniótico.

    • Identifica sinais de oligodrâmnio em casos de perda significativa.


  • Teste de biomarcadores: Ex.: IGFBP-1 ou PAMG-1, que são altamente específicos para líquido amniótico.


Médica e gestante conversando em leito médico.

Complicações associadas


1. Infecções maternas e fetais


  • Corioamnionite: Inflamação das membranas amnióticas e do líquido amniótico, uma das complicações mais graves.


  • Endometrite puerperal: Infecção uterina no pós-parto.



2. Complicações fetais


  • Prematuridade: Maior risco de morbidade e mortalidade neonatal.


  • Hipoplasia pulmonar: Especialmente em RPM antes de 26 semanas, devido à insuficiência de líquido amniótico para o desenvolvimento pulmonar.


  • Compressão de cordão umbilical: Pode levar a bradicardia fetal e sofrimento fetal agudo.



Manejo clínico


O manejo da RPM depende da idade gestacional, da presença de infecção e da estabilidade materno-fetal.


1. Gestação a termo (≥ 37 Semanas)


  • Indução do parto: Indicada em casos de RPM a termo, para reduzir o risco de corioamnionite.

    • Uso de ocitocina ou misoprostol para induzir as contrações.


  • Antibioticoprofilaxia para Streptococcus do grupo B:

    • Realizada conforme os protocolos de cada serviço de saúde.



2. Gestação pré-termo (< 37 Semanas)


A. Sem infecção ou sofrimento fetal


  • Conduta expectante: Monitoramento hospitalar rigoroso para prolongar a gestação o máximo possível.


  • Antibioticoterapia profilática:

    • Ex.: Ampicilina + Eritromicina, para prolongar a latência e reduzir o risco de infecção.


  • Corticosteroides:

    • Betametasona ou Dexametasona para acelerar a maturidade pulmonar fetal (com o objetivo de estimular a produção de surfactante pelos pneumócitos do tipo 2 pulmonares - recomendado para gestações de 24 a 34 semanas).


  • Neuroproteção fetal:

    • Sulfato de magnésio para prevenção de paralisia cerebral em gestações < 32 semanas.



B. Com infecção ou sofrimento fetal


  • Interrupção imediata da gestação: Preferencialmente por via vaginal, exceto se houverem contraindicações.



3. Casos de RPM antes de 24 Semanas


  • Prognóstico reservado a cada serviço devido ao alto risco de complicações, como hipoplasia pulmonar e infecções, por exemplo.


  • Discussão com os pais sobre os riscos e benefícios da conduta expectante.



Prognóstico


O prognóstico depende da idade gestacional no momento da RPM e da presença de complicações:


  • Melhor prognóstico: RPM a termo com manejo adequado.


  • Prognóstico reservado: RPM pré-termo com complicações, como infecção ou prematuridade extrema.


A Rotura Prematura de Membranas (RPM) é uma complicação obstétrica que exige diagnóstico precoce e manejo individualizado para prevenir complicações maternas e fetais.


O monitoramento contínuo, associado ao uso de corticosteroides e antibioticoterapia em gestações pré-termo, desempenha um papel crucial na melhoria dos desfechos perinatais.


Profissionais de saúde devem estar atentos aos sinais de RPM e prontos para atuar rapidamente, garantindo a segurança da mãe e do bebê.

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Fotos disponibilizadas por IA, Pexels ou Unsplash.

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