Maior Bolsão Vertical (MBV): definição, importância e utilização na clínica obstétrica
O Maior Bolsão Vertical (MBV) é um método ultrassonográfico utilizado para avaliar o volume de líquido amniótico durante a gestação. Ele é especialmente útil em gestações de risco, como em casos de gestações gemelares, e pode complementar ou substituir o Índice de Líquido Amniótico (ILA), dependendo do contexto clínico.
A avaliação do MBV é fundamental para identificar condições como oligodrâmnio e polidrâmnio, que podem comprometer o bem-estar fetal.
Neste post, exploraremos:
O que é o maior bolsão vertical e como ele é medido.
Seus valores normais e anormais.
Suas aplicações na prática obstétrica.
O manejo das condições associadas a alterações no MBV.
O que é o Maior Bolsão Vertical (MBV)?
O maior bolsão vertical refere-se à medida do maior espaço de líquido amniótico livre de partes fetais ou cordão umbilical, obtida por ultrassonografia em um plano vertical.
Por que avaliar o Maior Bolsão Vertical?
A medida do MBV é utilizada para estimar o volume de líquido amniótico em situações específicas, como:
Gestações gemelares, onde o ILA pode não ser adequado.
Avaliação do bem-estar fetal em casos de suspeita de sofrimento intrauterino.
Monitoramento em condições de risco, como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional e restrição de crescimento intrauterino (CIUR).
Como o Maior Bolsão Vertical é medido?
A avaliação do MBV é realizada por ultrassonografia, seguindo os passos abaixo:
Identificação do maior bolsão de líquido: O ultrassonografista identifica a região com o maior volume de líquido amniótico no útero.
Exclusão de partes fetais ou cordão umbilical: O bolsão deve estar livre de interferências.
Medição vertical: A distância vertical entre as paredes uterinas é medida e registrada em centímetros.
Valores normais e anormais do MBV
Os valores do maior bolsão vertical são utilizados para diferenciar o volume normal de líquido amniótico de condições patológicas:
Normal: MBV entre 2 e 8 cm.
Oligodrâmnio: MBV < 2 cm.
Polidrâmnio: MBV > 8 cm.
Relevância Clínica
Valores baixos (Oligodrâmnio): Associados a insuficiência placentária, rotura prematura de membranas e anomalias fetais.
Valores elevados (Polidrâmnio): Podem indicar diabetes gestacional, anomalias congênitas ou infecções congênitas.
Aplicações clínicas
1. Gestação única
Na gestação única, o MBV é utilizado para complementar a avaliação do Índice de Líquido Amniótico (ILA), especialmente em condições de difícil avaliação ultrassonográfica.
2. Gestação gemelar
Em gestações gemelares, o MBV é preferido ao ILA para avaliar o líquido amniótico de cada saco gestacional individualmente. Isso é crucial para o diagnóstico e manejo de condições como a síndrome de transfusão feto-fetal.
Pacientes com diabetes gestacional, pré-eclâmpsia ou restrição de crescimento intrauterino (CIUR) requerem monitoramento frequente do líquido amniótico para evitar complicações.
O MBV é uma ferramenta essencial para identificar alterações precoces nesses casos.

Condições associadas a alterações no MBV
1. Oligodrâmnio (MBV < 2 cm)
Causas comuns: Insuficiência placentária, rotura prematura de membranas, anomalias fetais (ex.: agenesia renal).
Complicações: Restrição de movimentos fetais, hipoplasia pulmonar e sofrimento fetal.
2. Polidrâmnio (MBV > 8 cm)
Causas comuns: Diabetes gestacional, anomalias congênitas (atresia esofágica, anencefalia), infecções congênitas.
Complicações: Trabalho de parto prematuro, prolapso de cordão umbilical, distócia.
Manejo clínico
O manejo de alterações no MBV depende da causa subjacente e da idade gestacional:
1. Oligodrâmnio
Monitoramento frequente: Ultrassonografia seriada e perfil biofísico fetal.
Hidratação materna: Pode aumentar temporariamente o volume de líquido amniótico.
Amnioinfusão: Indicada durante o trabalho de parto para aliviar compressão do cordão umbilical.
2. Polidrâmnio
Controle glicêmico: Fundamental em casos de diabetes gestacional.
Amniocentese terapêutica: Remoção de líquido para aliviar a distensão uterina em casos graves.
Indometacina: Usada para reduzir a produção de líquido amniótico em situações específicas.
O maior bolsão vertical (MBV) é uma ferramenta ultrassonográfica prática e eficaz para avaliar o volume de líquido amniótico, especialmente em situações onde o Índice de Líquido Amniótico (ILA) não é aplicável ou não fornece informações adequadas.
A detecção precoce de oligodrâmnio ou polidrâmnio com o MBV permite intervenções oportunas, melhorando os desfechos materno-fetais. Seu uso deve ser integrado a uma avaliação clínica completa, levando em consideração as condições maternas, fetais e placentárias.