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Manobra de Valsalva comum e modificada: definição, aplicações clínicas e benefícios

A manobra de Valsalva é um exercício de respiração forçada que é frequentemente utilizado em diversos contextos clínicos e de diagnóstico.


Ela envolve expiração forçada contra as vias aéreas fechadas, geralmente com a boca e o nariz fechados, enquanto a pessoa tenta expelir o ar. Isso gera um aumento de pressão no tórax e pode ter efeitos sobre o sistema cardiovascular e outras funções fisiológicas.


Neste post, vamos explorar a manobra de Valsalva e a manobra de Valsalva modificada, suas aplicações clínicas, benefícios e possíveis riscos associados a sua prática.



O que é a Manobra de Valsalva?


A manobra de Valsalva foi nomeada em homenagem ao anatomista italiano Antonio Maria Valsalva, que descreveu o fenômeno no século XVII. Ela consiste em uma expiração forçada contra vias aéreas fechadas, o que resulta em um aumento temporário da pressão intratorácica.


Durante a manobra, a pessoa fecha a boca e o nariz, e tenta exalar ar com força. Isso provoca um aumento da pressão no tórax, que por sua vez afeta a circulação sanguínea e a função cardíaca.



Como realizar a Manobra de Valsalva?


A execução correta da manobra de Valsalva envolve os seguintes passos:


  1. Fechar a boca e o nariz: A pessoa deve apertar as narinas e fechar a boca.

  2. Expiração forçada: Em seguida, a pessoa deve tentar expelir o ar, mantendo as vias aéreas superiores fechadas.

  3. Manter a pressão por alguns segundos: A pessoa deve manter a pressão por cerca de 10 a 15 segundos, ou até sentir um aumento na pressão torácica.

  4. Liberar a pressão: Depois de completar o tempo necessário, a pessoa pode liberar a pressão e respirar normalmente.


E a Manobra de Valsalva modificada?


A execução correta da manobra de Valsalva modificada envolve os seguintes passos (muito mais simples e prática para pacientes conscientes):


  1. Soprar uma seringa: A pessoa deve soprar (com a boca) a ponta da seringa por 15 segundos, forçando o êmbolo para fora.

  2. Deitar com membros elevados: A pessoa deve se deitar com as costas para baixo e ter seus membros inferiores colocados para cima por 15 segundos

  3. Se assentar: A pessoa deve se assentar por mais 30 segundos para completar a manobra.

Manobra de Valsalva modificada. Fonte: https://www.analesdepediatria.org/
Manobra de Valsalva modificada. Fonte: https://www.analesdepediatria.org/

Aplicações clínicas da manobra de Valsalva


A manobra de Valsalva é frequentemente usada em ambientes clínicos para diagnosticar e tratar várias condições, devido ao impacto que ela tem sobre o sistema cardiovascular.


As principais aplicações clínicas da manobra de Valsalva são:


1. Diagnóstico de arritmias cardíacas


  • Relação com o nó sinoatrial: A manobra pode ser utilizada para observar como o coração reage ao aumento da pressão intratorácica. Ela é particularmente útil na avaliação de arritmias supraventriculares (como a taquicardia supraventricular), pois pode interromper temporariamente essas arritmias, restabelecendo o ritmo cardíaco normal.

  • Protocolo de Valsalva para Taquicardia Paroxística Supraventricular (TPSV): A manobra de Valsalva pode ser usada como um tratamento inicial não invasivo para interromper episódios de TPSV.



2. Avaliação da função cardíaca e pressão arterial


  • Durante a manobra de Valsalva, a pressão arterial e o retorno venoso ao coração aumentam temporariamente. Isso permite que os médicos avaliem a função do sistema cardiovascular, como a capacidade do coração de lidar com mudanças rápidas de pressão e fluxo sanguíneo.


  • A reação hemodinâmica após a manobra (a queda temporária na pressão arterial seguida por um aumento) pode ser observada em pacientes com insuficiência cardíaca, disautonomia ou outras condições que afetam a regulação da pressão arterial.



3. Tratamento de algumas disfunções Valsálvicas


  • Tratamento de bradicardia sinusal: Em alguns casos de bradicardia (frequência cardíaca lenta), a manobra pode ser usada para estimular a frequência cardíaca através do aumento temporário da pressão intratorácica, que afeta o nervo vago.

  • Alívio de Valsalva nas disfunções respiratórias: A manobra também pode ser útil para aliviar o bloqueio nas vias aéreas superiores, como nas ostruções das vias respiratórias altas.



4. Diagnóstico de pressão intracraniana


  • A manobra de Valsalva pode ser usada para avaliar a pressão intracraniana (pressão no interior do crânio) em casos de pacientes com suspeita de hipertensão intracraniana, pois o aumento da pressão torácica pode refletir alterações na pressão dentro do cérebro.



5. Testes de função autonômica


  • A manobra pode ser usada para testar o reflexo barorreceptor, que ajuda a controlar a pressão arterial. Pacientes com distúrbios no sistema nervoso autônomo, como disautonomia ou hipotensão ortostática, podem ser avaliados por meio dessa manobra.



Benefícios da Manobra de Valsalva


A manobra de Valsalva tem benefícios importantes no diagnóstico e manejo de algumas condições médicas, incluindo:


1. Tratamento não invasivo para arritmias cardíacas


  • A manobra de Valsalva pode ser uma opção inicial de tratamento para algumas arritmias, como a taquicardia supraventricular paroxística (TPSV), sem a necessidade de medicamentos ou procedimentos invasivos.



2. Diagnóstico de alterações cardiovasculares


  • É uma ferramenta útil para testar a resposta cardiovascular a mudanças súbitas de pressão e ajudar no diagnóstico de condições como a hipotensão ortostática e a disautonomia.



3. Estimulação do nervo vago


  • A manobra ativa o nervo vago, que pode ajudar a regular a frequência cardíaca e a pressão arterial. Essa estimulação pode ser útil em condições como bradicardia sinusal, onde o coração bate mais lentamente do que o normal.



4. Avaliação da função autonômica


  • A manobra de Valsalva ajuda a avaliar o funcionamento do sistema nervoso autônomo, que controla funções automáticas do corpo, como a pressão arterial e a frequência cardíaca.



Possíveis riscos da Manobra de Valsalva


Embora a manobra de Valsalva seja amplamente utilizada de forma segura em muitas situações clínicas, ela pode apresentar alguns riscos, especialmente em pacientes com condições cardíacas ou neurológicas preexistentes.


1. Aumento do estresse cardiovascular


  • Em pessoas com doença cardiovascular grave, a manobra pode causar um aumento abrupto da pressão arterial, o que pode levar a complicações como infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral (AVC).



2. Arritmias


  • Em algumas pessoas, a manobra pode induzir arritmias cardíacas. Pacientes com histórico de arritmias ou problemas cardíacos podem precisar evitar a manobra sem orientação médica.



3. Diminuição temporária do fluxo sanguíneo cerebral


  • Durante a manobra, pode ocorrer uma diminuição temporária do fluxo sanguíneo para o cérebro, o que pode causar tontura ou até desmaios em alguns pacientes.



4. Aumento da pressão intraocular


  • Para indivíduos com glaucoma ou problemas oculares, a manobra de Valsalva pode aumentar a pressão intraocular, potencialmente exacerbando a condição.


A manobra de Valsalva é uma técnica simples e eficaz, utilizada em diversos contextos clínicos para diagnosticar, tratar e avaliar a função do sistema cardiovascular e nervoso autônomo.


Compreender como a manobra funciona e suas aplicações ajuda os profissionais de saúde a utilizá-la de maneira eficaz para resolver ou diagnosticar uma variedade de condições médicas, especialmente aquelas associadas a arritmias cardíacas e disfunções do sistema nervoso autônomo.


Embora seja útil em muitas situações, a manobra de Valsalva deve ser realizada com cautela, especialmente em pacientes com doenças cardíacas ou outras condições de saúde preexistentes.

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