Bradi e Taquicardias Fetais: Causas, Diagnóstico e Manejo Clínico
- Carlos Felipe

- 12 de jul.
- 3 min de leitura
As alterações na frequência cardíaca fetal (FCF), como bradicardias e taquicardias, são achados importantes na monitorização pré-natal e intraparto. Esses distúrbios podem indicar adaptações fisiológicas ou condições patológicas que exigem intervenção médica imediata para proteger o bem-estar do feto.
Neste post, você aprenderá:

O que são bradicardia e taquicardia fetais?
A frequência cardíaca fetal normal varia entre 110 e 160 batimentos por minuto (bpm). Alterações fora desse intervalo, mantidas por mais de 10 minutos, são classificadas como:
Bradicardia Fetal:
FCF (BCF) < 110 bpm.
Taquicardia Fetal:
FCF (BCF) > 160 bpm.
Essas alterações podem ser transitórias (associadas a estímulos ou eventos pontuais) ou sustentadas (indicando condições patológicas).
Fisiopatologia das alterações na FCF (BCF)
A frequência cardíaca fetal é modulada pelo sistema nervoso autônomo, que responde a estímulos internos e externos:
Sistema nervoso simpático:
Aumenta a frequência cardíaca.
Predominante em condições de hipóxia compensada ou estímulo externo.
Sistema nervoso parassimpático:
Reduz a frequência cardíaca.
Predominante em hipóxia severa ou estímulo vagal.
Causas de bradicardia fetal
A bradicardia fetal é frequentemente um sinal de sofrimento fetal ou comprometimento do oxigênio.
1. Causas maternas
Hipotensão materna:
Ex.: após anestesia raquidiana ou hemorragia.
Hipóxia materna:
Causada por doenças respiratórias ou hipoventilação.
2. Causas fetais
Compressão do cordão umbilical:
Redução transitória do fluxo sanguíneo.
Prolapso de cordão umbilical:
Interrompe o suprimento de oxigênio ao feto.
Doenças cardíacas congênitas:
Ex.: bloqueio atrioventricular completo associado ao lúpus materno.
3. Fatores intraparto
Durante contrações prolongadas ou hiperestimulação uterina (ex.: uso excessivo de ocitocina).
Descolamento Prematuro de Placenta (DPP):
Interrompe a perfusão placentária.
Causas de Taquicardia Fetal
A taquicardia fetal pode refletir resposta ao estresse, inflamação ou distúrbios metabólicos.
1. Causas maternas
Febre materna:
Comum em infecções como corioamnionite.
Hipertiroidismo materno:
Estímulo excessivo do metabolismo fetal.
Uso de Medicamentos:
Ex.: betamiméticos para tocolíticos.
2. Causas fetais
Infecções fetais:
Ex.: sepse ou enterocolite.
Hipóxia crônica:
Estímulo compensatório do sistema nervoso simpático.
Arritmias cardíacas:
Ex.: taquicardia supraventricular fetal.
3. Fatores intraparto
Hipervolemia Fetal:
Em transfusão feto-fetal ou isoimunização.
Diagnóstico de bradicardia e taquicardia fetais
O diagnóstico é baseado na monitorização da frequência cardíaca fetal (FCF) durante o pré-natal ou intraparto.
1. Monitorização eletrônica fetal (CTG)
Identifica e registra variações na FCF.
Bradicardia sustentada: < 110 bpm por mais de 10 minutos.
Taquicardia sustentada: > 160 bpm por mais de 10 minutos.
2. Ultrassonografia fetal
Avaliação da função cardíaca fetal e fluxo sanguíneo em tempo real.
3. Ecocardiografia fetal
Indicada em casos de suspeita de cardiopatias congênitas ou arritmias.
4. Exames complementares
Gasometria fetal (se possível): Avalia acidose fetal em casos de sofrimento agudo.
Perfil Biofísico Fetal (PBF): Identifica sinais de comprometimento fetal.
Manejo clínico
O manejo depende da causa e da gravidade da alteração na FCF.
Bradicardia fetal
Condutas Iniciais
Reposicionamento Materno: Lateral esquerdo para melhorar o fluxo sanguíneo uteroplacentário.
Oxigenação Materna: Suplementar com máscara.
Interromper Ocitocina: Se houver hiperestimulação uterina.
Casos Graves (FCF < 60 bpm)
Intervenção Rápida: Parto imediato, via cesariana, se a condição não melhorar.
Taquicardia fetal
Controle de fatores maternos
Redução de febre: Uso de antipiréticos em febre materna.
Correção de hipertireoidismo: Ajuste de medicamentos maternos.
Infecções fetais
Antibioticoterapia materna: Tratar infecções intrauterinas como corioamnionite.
Arritmias fetais
Medicação intraútero: Administração de antiarrítmicos via mãe (ex.: digoxina, sotalol).
Monitoramento intensivo: Ultrassonografias seriadas e CTG.
Prognóstico
Bradicardia transitória: Geralmente associada a compressão de cordão e resolvida com medidas simples.
Bradicardia ou taquicardia sustentadas: Indicadores de sofrimento fetal e risco de complicações neurológicas ou óbito fetal se não manejadas adequadamente.
As bradicardias e taquicardias fetais são sinais de alerta que requerem avaliação imediata e intervenções direcionadas. Identificar a causa subjacente e agir rapidamente é essencial para garantir a segurança do feto e prevenir complicações graves.
Médicos e estudantes devem estar atentos às variações da frequência cardíaca fetal e preparados para adotar condutas rápidas e baseadas em evidências.



