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Síndrome coronariana aguda (SCA): diagnóstico, classificação e tratamento

Foto do escritor: Carlos FelipeCarlos Felipe

Atualizado: 13 de nov. de 2024

Conduta imediata


A síndrome coronariana aguda (SCA) é um conjunto de condições clínicas causadas pela obstrução súbita ou redução significativa do fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco (miocárdio), que pode levar a infarto do miocárdio e até a morte súbita.


Essas condições são consideradas emergências médicas e requerem diagnóstico e tratamento rápidos para minimizar danos ao coração e melhorar o prognóstico do paciente.



O que é a síndrome coronariana aguda?


A SCA é desencadeada pela ruptura ou erosão de uma placa aterosclerótica nas artérias coronárias, levando à formação de um trombo (coágulo sanguíneo) que obstrui o fluxo de sangue para o miocárdio.


Essa interrupção do fluxo sanguíneo resulta em isquemia (falta de oxigênio) nas células cardíacas, causando dor no peito e danos ao tecido cardíaco.


As principais condições que compõem a SCA incluem:

  1. Angina instável: Caracteriza-se por dor no peito que ocorre de forma imprevisível, sem uma causa específica, e que não é aliviada com repouso. A angina instável é um sinal de alerta de que a obstrução nas coronárias está piorando.

  2. Infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAM com supra de ST): Também conhecido como infarto com elevação do ST, é uma condição em que o fluxo sanguíneo para uma parte do miocárdio é interrompido por um tempo prolongado, resultando em dano extenso ao músculo cardíaco.

  3. Infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (IAM sem supra de ST): Neste tipo de infarto, o fluxo sanguíneo para o miocárdio também é prejudicado, mas de forma parcial, causando dano menos extenso.

Fatores de risco para a síndrome coronariana aguda

Os principais fatores de risco para SCA são os mesmos da aterosclerose e incluem:

  1. Idade: O risco aumenta com o envelhecimento.

  2. Histórico Familiar: Parentes de primeiro grau com doenças cardíacas prematuras.

  3. Hipertensão Arterial: A pressão alta danifica as artérias ao longo do tempo.

  4. Diabetes Mellitus: Níveis elevados de glicose no sangue favorecem o desenvolvimento de aterosclerose.

  5. Colesterol Alto: LDL elevado e HDL baixo aumentam o risco de formação de placas ateroscleróticas.

  6. Tabagismo: O tabaco danifica as artérias e promove a formação de coágulos.

  7. Sedentarismo e Obesidade: A falta de atividade física e o excesso de peso contribuem para os fatores de risco metabólicos.



Sintomas da síndrome coronariana aguda

Os sintomas da SCA podem variar, mas o mais característico é a dor torácica. Outros sinais e sintomas incluem:

  1. Dor ou desconforto no peito: A dor é frequentemente descrita como uma sensação de pressão, aperto ou queimação no centro do peito.

  2. Irradiação: A dor pode irradiar para o braço esquerdo, pescoço, mandíbula, costas ou abdome.

  3. Falta de ar: Muitas vezes acompanhada de dor torácica, especialmente em casos de IAM.

  4. Suor frio e palidez: Sintomas de emergência que indicam uma resposta do corpo ao estresse cardíaco.

  5. Náuseas e vômitos: Sintomas menos comuns, mas que podem ocorrer, especialmente em mulheres e pacientes diabéticos.

  6. Tontura e fadiga: Sintomas mais comuns em idosos e diabéticos.

    Imagem de homem com as mãos no peito, que representa um dos sintomas da Síndrome Coronariana Aguda.

Diagnóstico da SCA


O diagnóstico da SCA envolve avaliação clínica, exames laboratoriais e exames de imagem. A rapidez no diagnóstico é essencial para que o tratamento seja iniciado o mais breve possível.



1. Eletrocardiograma (ECG)


O ECG é o primeiro exame realizado em pacientes com suspeita de SCA.


Ele permite identificar alterações no segmento ST, como elevação ou depressão, além de outras anormalidades que indicam isquemia miocárdica.

  • IAM com supra de ST: Caracteriza-se pela presença de elevação do segmento ST no ECG, indicando oclusão total de uma artéria coronária.

  • IAM sem supra de ST: Não apresenta elevação do segmento ST, mas pode mostrar depressão do ST ou inversão da onda T.

2. Marcadores de Necrose Miocárdica

Os marcadores cardíacos, como troponina e CK-MB, são essenciais para o diagnóstico de infarto do miocárdio, pois indicam lesão e necrose do músculo cardíaco.

  • Troponina: É o marcador mais específico e sensível para o diagnóstico de infarto. Níveis elevados confirmam dano ao miocárdio.

  • CK-MB: Menos específico que a troponina, mas também usado para avaliar lesão cardíaca.

3. Exames de Imagem


  1. Ecocardiograma: Útil para avaliar a função do coração e a presença de áreas de hipocinesia (movimento reduzido), acinesia (ausência de movimento) ou discinesia (movimento anormal) do miocárdio.

  2. Angiografia coronariana (Cateterismo): Considerada o padrão-ouro para avaliar a obstrução coronariana. Pode identificar a localização e a extensão da obstrução, permitindo o planejamento de intervenções.


Classificação


A classificação da SCA em angina instável, IAM sem Supra ST e IAM com Supra ST é essencial para orientar o tratamento.


A gravidade e o tipo de tratamento variam conforme a presença ou ausência de elevação do ST e dos sintomas.


  1. Angina instável: Indica isquemia sem lesão miocárdica. O tratamento é voltado para aliviar a isquemia e prevenir a progressão para infarto.

  2. IAM sem supra de ST: Há isquemia e lesão miocárdica sem elevação do ST, indicando obstrução parcial. Exige tratamento intensivo com medicamentos e, muitas vezes, intervenção percutânea.

  3. IAM com supra deST: Indica uma obstrução total e extensa do fluxo sanguíneo para o miocárdio. Requer tratamento imediato, geralmente com angioplastia ou trombólise.



Tratamento


O tratamento da SCA varia conforme o tipo de síndrome (com ou sem elevação do ST) e a condição clínica do paciente.


As abordagens incluem medicamentos, procedimentos de intervenção e mudanças no estilo de vida.


1. Tratamento medicamentoso


Os principais medicamentos utilizados na SCA incluem:


  1. Antiagregantes plaquetários: Como o ácido acetilsalicílico (AAS) e o clopidogrel, que ajudam a reduzir a formação de coágulos sanguíneos.

  2. Anticoagulantes: Como a heparina ou enoxaparina, que evitam a formação de novos coágulos.

  3. Betabloqueadores: Reduzem a frequência cardíaca e o consumo de oxigênio do miocárdio, aliviando a isquemia.

  4. Estatinas: Reduzem os níveis de colesterol e estabilizam placas ateroscleróticas, ajudando na prevenção de novos eventos.

  5. Nitratos: Usados para aliviar a dor torácica e melhorar o fluxo sanguíneo coronário.

  6. Inibidores da ECA/Bloqueadores dos Receptores de Angiotensina II: Auxiliam na redução da pressão arterial e melhoram a função cardíaca.



2. Intervenções Invasivas


Em casos de IAM com Supra ST, é necessário restaurar o fluxo sanguíneo rapidamente para reduzir o dano ao miocárdio.


As principais intervenções incluem:

  1. Angioplastia coronariana (Intervenção coronária percutânea - ICP): Procedimento de escolha para IAM com Supra ST. A ICP é realizada para desobstruir a artéria afetada e, geralmente, inclui a colocação de um stent para manter a artéria aberta.

  2. Terapia fibrinolítica (Trombólise): Em situações onde a angioplastia não é possível ou está indisponível, a trombólise pode ser usada para dissolver o trombo na artéria coronária. No entanto, este tratamento é mais eficaz se administrado nas primeiras horas após o início dos sintomas.

3. Revascularização cirúrgica (Cirurgia de revascularização do miocárdio - CRM)


A cirurgia de revascularização é indicada para pacientes com múltiplas obstruções coronarianas ou quando a angioplastia não é possível. A CRM consiste em criar um desvio ao redor das artérias obstruídas, utilizando enxertos de veias ou artérias para melhorar o fluxo sanguíneo para o coração.


Cuidados Pós-SCA e prevenção secundária


Após o tratamento agudo, é crucial implementar estratégias de prevenção secundária para evitar novos eventos cardíacos.


As principais recomendações incluem:

  1. Mudanças no estilo de vida:

    • Parar de fumar

    • Adotar uma dieta equilibrada e rica em frutas, vegetais e gorduras saudáveis

    • Praticar atividade física regular

  2. Adesão ao tratamento medicamentoso:

    • Uso contínuo de estatinas, betabloqueadores, antiagregantes plaquetários e outros medicamentos prescritos pelo cardiologista.

  3. Acompanhamento médico regular:

    • Consultas frequentes para monitorar fatores de risco, realizar exames de acompanhamento e ajustar a medicação, conforme necessário.

  4. Controle de fatores de risco:

    • Manter a pressão arterial e a glicemia sob controle e monitorar os níveis de colesterol.


Prognóstico da síndrome coronariana aguda


O prognóstico da SCA depende da rapidez do diagnóstico e do tratamento, do tipo de SCA, da extensão da lesão miocárdica e das comorbidades do paciente.


Pacientes que recebem tratamento adequado e aderem às recomendações médicas têm um prognóstico significativamente melhor e menor risco de novos eventos cardíacos.


A síndrome coronariana aguda é uma emergência médica que exige ação rápida e tratamento personalizado para preservar a função cardíaca e salvar vidas.


Com o diagnóstico precoce e uma abordagem terapêutica integrada, incluindo medicamentos, procedimentos de intervenção e mudanças no estilo de vida, é possível controlar a SCA e prevenir complicações a longo prazo.


Referências: ACLS e ECG e Estudos Cardíacos - Dados essenciais com base em evidências para achados clínicos, Anil M. Patel.

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